VT_Tematica_Medicina interna_detail.jpg VT_Tematica_Medicina interna_detail.jpg
  • Tempo de leitura: 6 mins

    Mastite em cães: diagnóstico e tratamento

    A mastite é a inflamação das glândulas mamárias, que geralmente surge no período pós-parto. A causa mais frequente são as infeções ascendentes através do mamilo. Saber identificar quais os sintomas da mastite é um fator fundamental para se poder iniciar um tratamento adequado, o mais rápido possível.

    Descarregue GRÁTIS → Guia deMicrobiotancjdkd

    Mastite em cadelas: como diagnosticá-la?

    A mastite nas cadelas pode surgir durante o período de lactação, mas é também possível aparecer na gravidez psicológica , embora de forma menos frequente. Trata-se de uma inflamação das glândulas mamárias que pode aparecer com ou sem infeção, e que pode surgir numa ou em várias glândulas, com um nível de gravidade variável de acordo com cada caso. O diagnóstico é baseado no historial médico, nos sinais clínicos e nos exames complementares. Poderão existir suspeitas de mastite em cadelas no período pós-parto, que sofram uma gravidez psicológica (pseudogestação), ou, em alguns casos, após desmames repentinos ou mortes de recém-nascidos que apresentem:

    • Falta de aumento de peso na ninhada (<5% do peso do nascimento por dia). A saúde dos cachorros depende diretamente da qualidade do leite materno, constituindo por vezes o único sintoma da mastite.
    • Afetação local, que segundo o nível de gravidade pode ir da inflamação até à formação de abcessos e à gangrena glandular, acompanhadas de sinais clínicos sistémicos (anorexia, febre, vómitos) e, inclusive, com choque séptico.
    • Secreções hemorrágicas ou purulentas.
    • Endurecimento das mamas, dor e úlceras.

    Exames complementares:

    • Teste de laboratório: as provas analíticas podem apresentar dados da inflamação, tais como leucocitose com desviação esquerda ou alterações nas plaquetas, nos casos mais graves. A citologia evidencia um aumento de neutrófilos e eritrócitos. Observam-se bactérias livres ou intracelulares.
    • Cultura microbiológica do leite: irá guiar o tratamento antibiótico.
    • Ecografia às glândulas mamárias: perda de diferenciação do tecido, da ecogenicidade e do fluxo sanguíneo.

    É importante estabelecer um diagnóstico diferencial com a galactose. Na mastite, é mais frequente observarmos uma alteração da cor do leite, bem como febre e anorexia, e no exame de apalpação surgem umas glândulas quentes e dolorosas. No caso da galactose, é habitual que as glândulas craniais estejam mais afetadas, com um número menor de neutrófilos e bactérias.  

    Guia GRATUITO →  Guia de fisiopatologia gastrointestinal do cão e do gato parte 2.

    Mastite nas cadelas: como devemos tratá-la?

    Será necessário um tratamento agressivo para que a cadela possa assumir as suas funções maternais o mais rápido possível. Por um lado, existem dúvidas sobre se a cadela deverá continuar a amamentar. De um modo geral, recomenda-se continuar com a lactação normal, a não ser que existam abcessos ou mastite com gangrena, já que o leite infetado ou com antibióticos não costuma representar um problema para os cachorros. No entanto, a composição do leite será mais pobre. Caso contrário, será necessário alimentá-los artificialmente. Podem ser administrados probióticos aos gatinhos que mamam de mães com terapia antibiótica, para prevenir a diarreia associada aos antibióticos. Segundo um estudo realizado com base numa análise microbiológica, assume-se que, na maioria dos casos, a principal causa de septicemia nos recém-nascidos não aparentam ser as bactérias do leite materno (para obter mais informação sobre este estudo clique aqui).  

    Em relação ao tratamento da própria mastite:

    • Tratamento antibiótico de amplo espectro durante 2-3 semanas. Em caso de ocorrer cronificação, escolher um antibiótico com base nos resultados da cultura e do antibiograma. Os antibióticos mais usados são:
      • Amoxicilina 20 mg/kg PO, IM, SC q 12 hrs
      • Amoxicilina/ácido clavulânico 15 mg/kg PO q 12 hrs
      • Cefalexina 22-30 mg/kg PO q 8-12 hrs
      • Cefoxitina 22 mg/kg IM, IV q 8 hrs
    • Anti-inflamatórios para aliviar e acalmar a dor. As glândulas infetadas podem ser ordenhadas periodicamente, por forma a diminuir a inflamação. De igual forma, podem aplicar-se compressas de água quente. Se os gatinhos atingirem o desmame, a produção de leite pode ser diminuída com recurso a fármacos antiprolactina (cabergolina)
    • Cirurgia: a drenagem dos abcessos das glândulas mamárias, o desbridamento e até a mastectomia são opções válidas para os casos mais graves.

    Por fim, o tratamento preventivo. Dado que na maioria dos casos a infeção se dá por via ascendente através de traumatismos nas glândulas mamárias, será importante assegurar a higiene tanto das glândulas como dos gatinhos, cortando as unhas dos mesmos, bem como garantir que todas as mamas são usadas.

    guia fisiopatologia gastrointestinal