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    A importância da formação veterinária contínua

    Devemos refletir sobre a importância da formação veterinária para enfrentar os desafios do setor no presente e no futuro, num momento crucial como o atual, em que a competitividade, o desenvolvimento exponencial da ciência e a incerteza em relação ao futuro da profissão veterinária constituem algumas das nossas principais preocupações.  

     A formação veterinária, nomeadamente a efetuada de forma contínua, é essencial para a melhoria da profissão.  A competitividade de uma empresa não é exclusivamente baseada no investimento e na publicidade, como era há algumas décadas. Hoje em dia é o fator humano, no que toca à qualidade e formação profissional, à especialização e à oferta de serviços ao público, que constitui o desafio mais difícil para uma empresa que pretenda qualidade e iniciativa por parte dos seus recursos humanos.  

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    O que é a formação contínua?

    A formação contínua define-se por uma necessidade, inerente aos profissionais, de um processo contínuo de aprendizagem necessário para evoluir e que, por sua vez, exige que entendamos a qualificação não como um saber especializado e vitalício, mas como uma disposição permanente para aprender durante toda a vida laboral: “aprender a aprender a adaptar-se à mudança”. A formação contínua constitui, além disso, um direito e dever dos profissionais e trabalhadores, já que representa uma estratégia fundamental para o desenvolvimento pessoal e profissional perante a constante evolução da nossa profissão e do mercado.  

    Importância da formação contínua nas profissões de saúde

    Atualmente, a empresa veterinária sofre um desenvolvimento constante, razão pela qual tem de ser flexível e exigente consigo mesma, para não falir, para tentar crescer ou pelo menos para se conseguir manter em atividade. A renovação e atualização constante de conhecimentos e tecnologias é deveras necessária. Estar a par de todos os avanços científicos da medicina, bem como de novos produtos e técnicas que visem complementar a nossa formação, é vital para permanecer no mercado. A tradição da formação permanente e do desenvolvimento pessoal está menos desenvolvida em Portugal do que noutros países europeus, e o interesse em difundir estas práticas por parte da Administração é relativamente recente. É legítimo pensar-se que num futuro próximo a formação contínua na nossa profissão será um dever estabelecido pela Administração e pelos próprios órgãos escolares e universitários, por forma a exigir-se uma série de créditos ou pontos a cada determinado período de exercício profissional, necessários para obter a própria licença profissional ou, pelo menos, uma certidão que possamos mostrar aos nossos clientes como prova das nossas competências, e que ao mesmo tempo ateste os mecanismos dessas competências e/ou a especialização de forma regulamentada.  

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    A formação veterinária inserida na planificação empresarial da clínica

    A clínica deverá incluir a formação veterinária da equipa como parte do trabalho dos profissionais, possibilitando desta forma a formação de cada trabalhador enquanto se promove a convivência/formação/trabalho como parte integrante da estratégia empresarial para a obtenção de ótimos resultados, tanto para a clínica como para a relação empresa-trabalhador. Assim, a possibilidade de evolução dos profissionais da equipa será um fator aliciante e motivador, que por sua vez irá fortalecer o vínculo dos mesmos com a clínica. A introdução do desenvolvimento pessoal nas novas estratégias de gestão das clínicas veterinárias está a ser feita através de métodos para integrar a formação e o trabalho no seio da equipa laboral. Este cruzamento de dois sistemas de evolução da clínica (trabalho e formação) está a difundir-se cada vez mais devido à própria procura do mercado e ao estímulo oriundo das empresas que foram pioneiras neste esforço de inovação, e que definem esta estratégia como a chave para o seu crescimento ou sobrevivência. A formação contínua deverá incluir todos os membros da equipa veterinária, sem distinção entre proprietários e trabalhadores. Assim, será possível melhorar a produtividade do trabalhador, convergir interesses e motivações e, consequentemente, melhorar fatores importantes como os níveis de competitividade e de eficiência da própria clínica veterinária.  

    Entraves à formação veterinária

    Apesar das incontestáveis vantagens da formação contínua, existem profissionais que se encontram algo reticentes:

    Desmotivação

    Por norma, os profissionais mais qualificados são aqueles que, paradoxalmente, exigem ou optam pela atualização constante dos seus conhecimentos. Por outro lado, os menos qualificados, ainda que conscientes da necessidade de se atualizarem, possuem maiores dificuldades em relação à escolha de novos conhecimentos de utilidade presente ou futura, e à forma de lhes aceder. Há ainda uma pequena fatia que, por comodidade ou desconfiança, não acredita na formação como um instrumento de desenvolvimento pessoal e profissional. Outra das causas desta negligência é a falta de informação disponível, necessária para conhecer os meios, entidades, empresas, a oferta de cursos, financiamento, benefícios, características e temáticas das várias atividades de formação veterinária contínua disponíveis para profissionais da medicina de pequenos animais.

    Falta de tempo

    O problema para os veterinários reside ainda, hoje em dia, na escassa oferta de formação acessível e compatível com o rigor dos seus horários e a sua disponibilidade laboral, principalmente para aqueles que não residem nem trabalham nas grandes cidades. Os horários das clínicas veterinárias são alargados e, geralmente, a tempo parcial, o que dificulta notoriamente a compatibilidade do horário laboral com qualquer atividade externa. Também é habitual que muitos profissionais trabalhem aos sábados, sobretudo durante a manhã, e que até em alguns casos trabalhem em serviços de urgência fora do horário da sua clínica.

    Financiamento escasso

    O setor privado emprega a maior parte dos veterinários em Espanha. Este facto pressupõe que seja a clínica privada a responsável por exigir aos organismos públicos e às instituições universitárias um apoio à formação contínua dos profissionais deste ramo da Medicina. Assumir os encargos dos custos da formação e do tempo de trabalho neste investimento constitui um esforço considerável para a pequena empresa, relembrando que a maioria das clínicas em Espanha são de pequena dimensão e, de acordo com dados do estudo de mercado O setor veterinário de animais de companhia em 2016(Argos, 2016), 63% das clínicas apenas possuem um ou dois veterinários. A grande maioria dos profissionais, com exceção dos que trabalham no setor público ou em grandes empresas, tem de pagar do seu bolso a formação adquirida em cursos ou congressos, o que representa um esforço para um grupo profissional que infelizmente não possui lucros elevados em Espanha.

    A formação veterinária contínua deve tornar-se numa prática profissional

    A filosofia que devemos adquirir enquanto profissionais comprometidos com a Ciência Veterinária é a de implementar a formação contínua como uma prática profissional e um estilo de vida. Será necessária a determinação conjunta da Administração, dos profissionais, instituições e empresas para reunir esforços no sentido de promover e subsidiar a formação contínua, tornando-a acessível a todos os veterinários. O objetivo é o de produzir um reforço bilateral entre os profissionais e a sociedade para a promoção do emprego, para estimular o mercado, para a criação de novas especialidades e linhas de trabalho, bem como para a satisfação pessoal dos veterinários de pequenos animais e para a evolução e desenvolvimento das clínicas veterinárias.   Texto original: ELENA MALMIERCA Veterinária   Artigos relacionados:

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