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    Carcinoma de células escamosas no gato: TAC e tempo de sobrevivência

    Os tumores orais representam entre 3% a 10% do total de neoplasias no gato. O carcinoma de células escamosas é um dos mais frequentes inserido nas neoplasias orais, representando entre 61,2% e 76,2% das mesmas. Nos humanos, o carcinoma escamoso é o tumor mais frequente da cavidade oral.

    A tomografia axial computorizada (TAC ou TC) é utilizada de forma comum para o diagnóstico e vigilância do tumor. Para o efeito, concebeu-se um estudo que pretendeu evidenciar as características, visíveis em TC, do carcinoma de células escamosas em gatos e a sua correlação com a sobrevivência por forma a melhorar a gestão desta patologia nos pequenos felinos.

    O carcinoma de células escamosas no gato surge entre os 10 e os 12,5 anos de idade do animal, em média, e tem sido relacionado com o uso de coleiras anti-pulgas e com algumas dietas específicas (consumo excessivo de atum em lata...). As localizações mais frequentes dos tumores são as seguintes, em ordem decrescente de frequência: a zona da língua e sublíngua, a gengiva, a faringe e as amígdalas. Nos gatos, o carcinoma de células escamosas é considerado uma doença invasiva a nível local, mas que possui um baixo potencial de metástase distanciada. Mesmo assim, quase um terço dos gatos apresentam metástases nos gânglios.  

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    Clinicamente, é caracterizada por uma lesão inflamatória supurativa com sinais de necrose. As lesões menos expressivas necessitam de diagnóstico diferencial entre o granuloma eosinofílico, a hiperplasia gengival, a estomatite linfoplasmocitária, a doença periodontal avançada e outros tumores orais. Deste modo, realizar um correto diagnóstico diferencial será essencial, conhecendo a epidemiologia das doenças a nível digestivo (oral, gastrointestinal).  

    O uso de exames complementares para o diagnóstico e avaliação posterior encontra-se em expansão, quando comparado com o seu uso em medicina humana. Nos Estados Unidos, em 2010, realizou-se um estudo para identificar as características das imagens via TC este tipo de neoplasia, bem como a sua correlação com a sobrevivência. No estudo foram incluídos dezoito gatos, aos quais foi realizado um TAC de terceira geração com contraste. Desses dezoito animais, 11 eram fêmeas e 7 eram machos. A duração média dos sintomas foi de 37,7 dias, sendo que os sinais e sintomas mais frequentes que levaram ao diagnóstico da doença foram a anorexia, a letargia, a hemorragia oral e a halitose. As massas localizavam-se mais frequentemente na zona da língua e da sublíngua. Realizou-se uma radiografia do tórax a todos os gatos, a qual não evidenciou metástase a nível pulmonar em nenhum gato, à exceção de um. No TC, observou-se o seguinte:

    1. As zonas onde as massas estavam localizadas eram: sete na lingual/sublingual, cinco nos maxilares, quatro na mucosa oral, quatro na mandíbula, dois na mucosa da faringe, uma no palato mole e uma a nível dos lábios.  Quase metade dos gatos (8) apresentavam localização em mais do que uma zona. Todas as massas que foram observadas por TC eram observadas por meio da exploração física, à exceção das massas a nível do palato mole, mais difíceis de explorar.

    2. Na quase totalidade dos animais (17/18) a massa apresentava um realce com contraste. O padrão mais observado era um realce heterogéneo.

    3. Foram observadas adenopatias retrofaríngeas e mandibulares.

    O tempo de sobrevivência estendia-se dos 14 até aos 1020 dias, sendo a média de 60 dias (incluindo todos os tratamentos: quimioterapia, cirurgia e cuidados paliativos). Ao analisar os dados do TC em conjunto com os dados da sobrevivência, observou-se que nem o tamanho da massa, nem a atenuação pós-contraste, nem o tamanho das adenopatias estão relacionadas com a sobrevivência. Também não se observou uma correlação entre a sobrevivência e a presença de lesões osteolíticas. No entanto, observou-se um aumento da sobrevivência nos gatos que apresentavam massas a nível do maxilar. Desta forma, o exame de TC permite atingir uma melhor caracterização das lesões, como também o diagnóstico de algumas lesões que não teriam sido observadas por meio de exploração física. Ainda assim, são necessários estudos com uma maior população, por forma a conhecer o seu papel prognóstico no carcinoma escamoso oral no gato.

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    1. Liptak JM, Withrow SJ. Oral tumors. In: Withrow SJ, Vail DM, eds. Withrow and MacEwan’s small animal clinical oncology. 4th ed. St Louis: Saunders Elsevier, 2007; 455–478.