VT_Tematica_Medicina interna_detail.jpg VT_Tematica_Medicina interna_detail.jpg
  • Tempo de leitura: 1 mins

    Castrar cães machos: Cloreto de cálcio combinado com dimetilsulfóxido

    https://www.affinity-petcare.com/vetsandclinics/pt/esterilizacao-de-caes-e-gatos-beneficio-ou-risco/O cloreto de cálcio (CaCl2) é um dos agentes químicos utilizados para castrar cães machos. Analisamos a sua eficácia numa solução salina, em etanol e com dimetilsulfóxido.

    Os métodos cirúrgicos para castrar um cão macho têm vários inconvenientes. Os doentes não só arriscam os possíveis efeitos adversos da anestesia durante o procedimento, como também precisam de mais dias para recuperarem da cirurgia. Este procedimento também é mais invasivo, irreversível e dispendioso, e por isso muitos donos mostram-se reticentes a recorrer ao mesmo. Por essa razão, investigam-se novos métodos de esterilização química, que sejam mais rápidos, seguros e eficazes. Uma das substâncias utilizadas é o cloreto de cálcio (CaCl2).

    Webinar com legendas em português: “A esterilização ao pormenor:  Uma decisão ponderada para cada caso” - Dr. Fernando Mir

    O cloreto de cálcio como agente de esterilização química

    Os primeiros relatórios publicados sobre o uso de CaCl2 como método alternativo para esterilizar animais provêm de Koger L.M.1 e remontam a finais da década de 1970. O procedimento foi praticamente esquecido até que investigadores da Índia o recuperaram, mostrando que dava bons resultados, e na última década ressurgiu o interesse por este agente químico.

    O CaCl2 é injetado diretamente em ambos os testículos enquanto o cão se encontra sedado. Provoca uma necrose total do tecido testicular, assim como uma fibrose e hialinização nos túbulos seminíferos e espaços intersticiais, de acordo com uma investigação publicada na revista Contraception2.

    Dois estudos  realizados por Leoci R. et al.3,4, nos quais um grupo de cães foi acompanhado durante nove e doze meses, revelaram que a esterilização com CaCl2 é eficaz, embora os investigadores apontem que a solução salina não parece proporcionar uma esterilização permanente. As injeções intratesticulares de CaCl2 em solução salina a concentrações baixas provocaram menos efeitos secundários, mas, aos 12 meses, os níveis de testosterona voltaram aos valores iniciais.

    No entanto, o uso de uma solução de CaCl2 a 20% em etanol a 95%, aplicada através de uma única injeção intratesticular bilateral, proporcionou azoospermia. A concentração de testosterona sérica também diminuiu significativamente após o tratamento intratesticular com CaCl2 e não foram observados efeitos adversos, pelo que estes investigadores consideraram tratar-se de um tratamento alternativo eficaz para castrar cães machos.

    Descarregue GRÁTIS → Guia de fisiopatologia gastrointestinal do cão e do gato

    O uso de cloreto de cálcio com dimetilsulfóxido para castrar cães machos

    Outro estudo desenvolvido por Silva R.C.A.5 avaliou o efeito da injeção intratesticular de CaCl2 combinado com dimetilsulfóxido como método de esterilização química em cães. Distribuíram 12 cães por dois grupos: um foi tratado com 15 mg/kg de CaCl2 a 7,5%, tendo sido injetada uma solução combinada com DMSO a 0,5% em cada testículo; e o outro grupo de controlo recebeu o mesmo volume/kg de solução de cloreto de sódio (NaCl), mas a 0,9%.

    Os investigadores analisaram as características do sémen antes e depois do tratamento, assim como a concentração sérica de testosterona antes da injeção e 15, 30 e 60 dias após a mesma. Também fizeram o acompanhamento da dor local e, após a orquiectomia, realizaram uma avaliação histológica testicular.

    Não foi verificada dor à palpação testicular, exceto num cão. Aos 15 dias, cinco dos seis cães tratados apresentaram azoospermia e o outro cão apresentou-a aos 30 dias. Não se verificaram diferenças significativas nas concentrações de testosterona no grupo tratado, mas através do exame histológico constataram-se lesões degenerativas testiculares, especialmente nas zonas proximal e média. Portanto, os investigadores concluíram que uma injeção de CaCl2 a 7,5% combinado com dimetilsulfóxido a 0,5% também é uma alternativa viável para a esterilização canina.

    De qualquer forma, é importante ter em conta que um dos principais efeitos negativos da esterilização de cães é o aumento de peso, um fator de risco para o aparecimento de várias doenças. Por isso convém incluir alterações à sua dieta, valorizando opções como a Weight Balance, que aporta proteínas de qualidade e ácidos gordos essenciais sem acrescentar demasiadas calorias.

    CR Microbiota

    Bibliografia
    1.     Koger, L. M. (1977) Calcium Chloride, Practical Necrotising Agent. Proceedings of Annual Meeting of the American Society of Animal Science; 451: 118-119.
    2.    Jana, K. & Samanta, P. K. (2007) Sterilization of male stray dogs with a single intratesticular injection of calcium chloride: a dose-dependent study. Contraception; 75(5): 390-400.
    3.     Leoci, R. et. Al. (2014) A dose-finding, long-term study on the use of calcium chloride in saline solution as a method of nonsurgical sterilization in dogs: evaluation of the most effective concentration with the lowest risk. Acta Veterinaria Scandinavica; 56: 63.
    4.     Leoci, R. et. Al. (2019) Effects of intratesticular vs intraepididymal calcium chloride sterilant on testicular morphology and fertility in dogs. Theriogenology; 127: 153-160.
    5.     Silva, R. C. A. et. Al. (2018) Calcium chloride combined with dimethyl sulphoxide for the chemical sterilization of dogs. Reprod Domest Anim; 53(6): 1330-1338.