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    Esterilização de cães e gatos: benefício ou risco?

    A esterilização de cães e de gatos consiste na extração ou disfunção induzida dos órgãos sexuais femininos ou masculinos dos animais. Trata-se de uma cirurgia que não é complicada e que apresenta uma boa recuperação por parte do animal.

    Pratica-se habitualmente com o objetivo de controlar a população de animais de estimação e para dar benefícios em termos de saúde e de comportamento. A esterilização constitui uma das principais estratégias no caso de abandono de animais de estimação, já que o facto de se controlar a natalidade ajuda a reduzir o número de grandes ninhadas e, por conseguinte, o número de animais abandonados.

    Research Report: Gatos Esterilizados → Descarregue gratis Analisamos necessidades energéticas de gatos esterilizados e tecnicas para  prevenir a obesidade

    Nas últimas três décadas a prática da esterilização em cães e gatos aumentou. Este aumento não se dá de forma igual em todos os países. Por exemplo, enquanto que nos Estados Unidos é uma prática muito comum, em alguns países europeus é efetuada de forma minoritária. Recentemente, novos estudos evidenciaram a relação entre a esterilização e certos problemas de saúde nos animaisSundburg CR 2016 relaciona a esterilização com determinadas neoplasias e disfunções articulares. Hart BL 2014 evidencia a heterogeneidade destes problemas de saúde em função da raça do animal, do género e da idade na qual se realiza a esterilização.   

    Mesmo assim, durante muitos anos foi demonstrado que a esterilização de cães reduz o risco de certos problemas reprodutivos, tais como o cancro da mama, a piómetra ou o cancro nos testículos. De acordo com o Colégio Americano de Teriogenologia (ACT) e com a Sociedade de Teriogenologia (SFT), os animais de companhia não destinados à reprodução devem ser esterilizados ou castrados. No entanto, as duas organizações acreditam que a decisão de esterilizar um animal de estimação deverá ser analisada caso a caso, tendo em conta a idade, a raça, o sexo, a razão da intervenção, o ambiente familiar e o comportamento do animal de estimação.  

    Fatores a ter em atenção para a esterilização dos animais de estimação:

    • Aspectos relacionados com a saúde do animal: as hormonas sexuais produzidas pelos ovários e pelos testículos estão apenas presentes em machos e fêmeas inteiros. A esterilização realizada em qualquer idade priva o organismo dos efeitos benéficos para a saúde que advêm destas hormonas.

    Ainda que na maioria dos casos os benefícios da esterilização superem os benefícios da exposição às hormonas sexuais, nem sempre isto se comprova. Dado que a esterilização antes da puberdade ou antes da maturidade sexual pode aumentar os riscos de algumas doenças em certas raças, a opção de deixar um animal inteiro deverá ser uma hipótese à disposição do seu dono. Investigações realizadas evidenciaram que existe uma série de efeitos prejudiciais originários das hormonas esteroides sexuais. A esterilização irá eliminar estas hormonas e, por conseguinte, diminuirá o risco de padecer destas doenças.

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    • Aspectos relacionados com o comportamento do animal: foram demonstradas em vários estudos as vantagens e as desvantagens da esterilização para o comportamento dos animais.

    De um modo geral, a esterilização está relacionada com um comportamento menos agressivo por parte do animal.

    • Cuidados médicos de qualidade: em função do país ou do sistema de saúde, é possível que a esterilização esteja submetida a certas regras e que as mesmas estabeleçam o tempo e a necessidade (ou não) do tratamento cirúrgico do animal.

    Restringir e reduzir o grupo de animais de raça pura irá dificultar significativamente a investigação médica das condições particulares de cada raça em específico, atrasando os processos em termos de conhecimento médico e cirúrgico.

    • Saúde pública: fazer com que a esterilização seja obrigatória para conseguir a licença do animal poderá originar que as pessoas procurem ajuda veterinária com receio de multas, e com repercussões legais devido à não realização da esterilização nos prazos estipulados pela lei.

    Ao impedir o acesso a cuidados veterinários por parte dos animais de estimação, cães e gatos irão correr um maior risco de vacinação periódica inadequada, além de que os programas inadequados de desparasitações podem originar uma maior transmissão de doenças para os seres humanos e para os restantes animais. Por tudo isto, no processo de decisão de esterilizar ou não um animal será fundamental considerar cada caso em particular e nunca generalizar, avaliando cada um dos fatores referidos anteriormente.

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