VT_Tematica_Medicina felina_detail.jpeg.jpg VT_Tematica_Medicina felina_detail.jpeg.jpg
  • Tempo de leitura: 5 mins

    Formação de oxalato de cálcio e fatores dietéticos

    O oxalato de cálcio é um dos minerais predominante dos cálculos renais. A prevenção da sua formação é de grande relevância, de tal forma que uma alteração alimentar pode reduzir substancialmente o risco de recaída nos cães afetados.

    A urolitíase, definida como formação de sedimentos compostos por cristaloides pouco solúveis, constitui um problema para os cães. Os quatro minerais que são encontrados com maior frequência nos urólitos do cão são o fosfato de amónio e magnésio (estruvite), e o oxalato de cálcio, o urato de amónio e a cistina. Entre outras manifestações clínicas, os cálculos renais podem causar pielonefrite, obstrução urinária, redução da massa renal, hiperazotúria e insuficiência renal.  

    Descarregue GRATUITAMENTE → Clinical Report: Estudos sobre a mineralização da água e a sua relação com as FLUTD

    Como é que a dieta influencia?

    A incidência da urolitíase e a composição dos urólitos podem ser influenciadas por diferentes fatores como a raça, o sexo, a idade, a dieta, anomalias anatómicas, infeções urinárias, o pH da urina e os tratamentos farmacológicos. A identificação destes fatores de risco é fundamental para um tratamento e uma prevenção eficaz da urolitíase, que geralmente apresenta um nível alto de reincidências. Isso levou ao uso crescente do tratamento dietético quer para tentar dissolver e quer para evitar a formação de urólitos, embora que alguns tipos de minerais sejam mais fáceis de dissolver do que outros.  

    Como os urólitos de oxalato de cálcio não respondem à dissolução médica (a remoção mecânica é necessária), a aplicação de medidas preventivas é de grande importância. A alimentação desempenha um papel importante, tanto a nível intestinal como na composição da urina. O principal fator de risco da urolitíase pelo oxalato de cálcio é a supersaturação da urina pelo cálcio e pelo oxalato, na presença de uma calciúria relativamente elevada. A relação entre absorção intestinal de cálcio e ácido oxálico é clinicamente importante, uma vez que a redução da concentração de cálcio aumenta a absorção do oxalato, o que mantém ou aumenta o risco de formação de cálculos.  

    A comida enlatada

    De acordo com um estudo realizado em cães afetados por doença do trato urinário por cristais de oxalato de cálcio em comparação com cães saudáveis, administrando a ambos os grupos uma dieta específica, concluiu-se que alimentos enlatados formulados contendo grandes quantidades de proteína, gordura, cálcio, fósforo, magnésio, sódio, potássio, cloreto e humidade e com baixa quantidade de hidratos de carbono podem minimizar o risco de formação de urólitos de oxalato de cálcio nos cães.

     Guia GRATUITO → Guia de fisiopatologia gastrointestinal do cão e do gato parte  2.

    Recomendações dietéticas

    O principal objetivo do manejo dietético da urolitíase é gerar urina com baixa saturação de oxalato de cálcio:

    • Aumentar a ingestão de água e, portanto, o volume de urina para reduzir a concentração de cristaloides na urina.
    • Alterar o pH da urina para aumentar a solubilidade dos cristaloides.
    • Modificar a dieta para reduzir a quantidade de cristaloides excretados na urina

    Não devem ser administrados doces ou suplementos alimentares que contenham cálcio, vitamina D ou quantidades excessivas de vitamina C, pois podem promover um aumento na excreção de cálcio e/ou de oxalato. Alimentos que impedem a formação de cálculos de oxalato de cálcio devem estimular o consumo de água e não devem ser restritos em proteínas, cálcio e fósforo. O tratamento dietético ajudará a evitar danos renais e urinários nos cães afetados pela urolitíase de oxalato de cálcio, atuando em três níveis como é ajudar na macro e micro nutrição e a retardar a progressão da doença.

    Descarregue GRATUITAMENTE → Clinical Tool: Abordagem multimodal  no tratamento das doenças do trato urinário inferior felino.