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    Mastocitoma canino: comparação de indicadores e atual classificação

    Um recente estudo da Universidade de Wroclaw, na Polónia, comparou a atual classificação histopatológica do mastocitoma canino com recurso a vários indicadores de proliferação celular, por forma a facilitar a gestão clínica desta neoplasia. Seguidamente, apresentamos os seus resultados.

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    O mastocitoma canino constitui, atualmente, um dos tumores cutâneos caninos mais frequentes. Além disso, possui um comportamento clínico de amplo espectro: podemos encontrar desde mastocitomas caninos de comportamento inteiramente benigno, até mastocitomas com comportamento maligno e com ampla disseminação metastática. Até à data, o diagnóstico e classificação destes mastocitomas é realizado por meio do sistema de gradação proposto por Patnaik et al no ano de 1984.2 Através desta classificação, meramente histológica, diferenciam-se os seguintes tipos de mastocitomas caninos:

    • Grau I: Núcleos redondos e cromatina condensada.
    • Grau II: Núcleos hipercromáticos, com aumento de tamanho. Baixo índice mitótico.
    • Grau III: Núcleos vesiculosos com um ou mais nucléolos. Índice mitótico mais elevado.

    De acordo com esta classificação, o comportamento do mastocitoma poderia ser previsto, sendo que os de grau I são benignos e os restantes possuem um possível comportamento maligno. Ainda assim, e em relação ao prognóstico do tumor, esta classificação apresenta limitações consideráveis, que são descritas seguidamente:

    1. A maioria dos mastocitomas diagnosticados são de grau II. Dentro do grau II, foram observados comportamentos clínicos muito díspares. Apesar de a maioria deles serem possíveis de tratar através de excisão cirúrgica, alguns apresentam um comportamento maligno com proliferação local e à distância. Por esta razão, prever o prognóstico do tumor constitui um verdadeiro desafio.
    2. O segundo problema mais relevante consiste no facto de que se trata de uma classificação subjetiva, baseada nas descobertas anatomopatológicas.

    Para ultrapassar estas limitações foram propostas várias alternativas, como é o caso do sistema de gradação do tumor por dois passos, de Kuipel, de acordo com o número de figuras mitóticas, com a presença de cardiomegalia, de células multinucleadas e de núcleos bizarros.

    No entanto, esta classificação foi analisada por meio de poucos estudos, impossibilitando a sua expansão. Por esta razão, investigadores da Universidade de Wroclaw estudaram a possibilidade de utilizar indicadores objetivos, tais como os da proliferação celular, para ajudar a melhorar a classificação dos tumores. Para o efeito, conceberam um estudo que permitiu comparar estes indicadores com as classificações de Patnaik e de Kuipel. A metodologia do estudo abrangia uma população de 60 mastocitomas caninos, extraídos de uma população de cães com várias raças, idades e dos dois sexos. A maioria dos tumores eram de cães com idades compreendidas entre os 6 e os 9 anos, e com uma distribuição semelhante em termos de sexos. Nestes mastocitomas, estudou-se a expressão de três indicadores de proliferação celular: PCNAMCM-3 e Ki-67 através de estudos imuno-histoquímicos. Além disso, foi analisado o índice mitótico em todas as amostras.

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    Os resultados evidenciaram que, do total de 60 tumores, e de acordo com a classificação de Patnaik, 16 deles eram de grau I, 26 eram de grau II e 18 eram tumores de grau III. Segundo a classificação de Kiupel, 28 eram de baixo grau e 32 deles eram de grau elevado. Em relação à imuno-histoquímica, quase todas as amostras (98,3%, o que representa a totalidade das amostras, exceto uma) eram positivas para PCNA. Cerca de 23% não evidenciaram positividade para Ki-67, sendo que o resto eram positivas e com um incremento da positividade em função do aumento do grau do tumor. Quanto ao MCM-3, 16,7% não apresentaram positividade, e o resto evidenciou um comportamento semelhante ao de Ki-67, com maior positividade em função de um grau de tumor mais elevado. Estes resultados foram igualmente analisados por forma a determinar o seu valor de prognóstico, através de índices de correlação.

    Por fim, a conclusão do estudo determinou que a expressão de PCNA, ao ser positiva em quase todos os graus de tumor, não se revelava útil em termos de prognóstico. No entanto, a expressão de Ki-67 (que é já reconhecida como valor prognóstico em várias neoplasias3) e de MCM-3 revelaram-se úteis, correlacionando-se com o grau do tumor, merecendo destaque uma maior correlação com MCM-3. Desta forma, o uso da análise imuno-histoquímica de MCM-3 e de Ki-67 torna-se útil para uma classificação mais eficaz dos mastocitomas caninos, bem como para prever o diagnóstico da doença, o que, por sua vez, irá ajudar principalmente nos casos de mastocitomas classificados como grau II de Patnaik.

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    Referências:
    1. Kandefer-Gola M, Madej J, Dzimira S, Nowak M, Janus I, Ciaputa R. Comparative analysis of markers of cell proliferation in canine mast cell tumours according to current classifications. Polish Journal of Veterinary Sciences. 2015; 18(2).
    2. Patnaik AK, Ehler WJ, MacEwen EG (1984) Canine cutaneous mast cell tumour: morphologic grading and survival time in 83 dogs. Vet Pathol 21: 469-474
    3. Dos Santos Costa Poggiani S, Terra EM, Neto RT, Costa MT, Amorim RL (2012) Canine Cutaneous Mast Cell Tumour: Biologic behaviour and its correlation with prognostic indicators. OJVM 2: 255-261