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    Osteossarcoma apendicular em cães: evolução e prognóstico

    O osteossarcoma canino é um problema clínico importante em medicina veterinária, tratando-se da neoplasia óssea primária mais comum no cão. A terapia usual é baseada na amputação seguida de quimioterapia, o que melhora bastante os resultados. Entre os fatores de prognóstico conhecidos, contam-se os níveis séricos de fosfatase alcalina.

    Introdução

    O osteossarcoma apendicular é o mais comum dos tumores malignos primários do osso nos cães. Devido à natureza agressiva e ao elevado potencial metastático desta neoplasia, a excisão completa é considerada apenas como um procedimento paliativo, já que a prolongação da sobrevivência requer uma quimioterapia sistémica coadjuvante. Ainda assim, a percentagem de sobrevivência continua a situar-se em cerca de 15-20% (se deseja mais informação sobre outros tumores em cães faça clique aqui)  

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    Tratamento do osteossarcoma nos cães

    Cirurgia: quando o tratamento consiste apenas na amputação ou remoção do tumor, a média de sobrevivência (MST) não excede os 5 meses, e a maioria dos cães acaba por sofrer de metástase. Este período de sobrevivência pode ser alargado com uma adequada intervenção local adjuvante, que já se tornou uma prática comum. QuimioterapiaOs fármacos mais utilizados e que já foram testados clinicamente são a cisplatina, a carboplatina e a doxorrubicina. Num estudo realizado com quimioterapia sequencial e acelerada à base de doxorrubicina e carboplatina, obtiveram-se resultados semelhantes aos verificados na maioria dos outros protocolos de quimioterapia publicados, para cães com este problema1. Outro estudo colocou a carboplatina como alternativa aceitável ao tratamento adjuvante com cisplatina, já que melhorava a probabilidade de sobrevivência quando comparado com a amputação2.  

      Radioterapia: Existem poucos dados. Entre eles, há um estudo com terapia de radiação como modalidade de tratamento do osteossarcoma apendicular e axial, no qual foram obtidos os mesmos resultados usando a radiação e a quimioterapia que os que seriam obtidos utilizando os tratamentos usuais para esta doença. Por essa razão, esta modalidade de tratamento não é utilizada. Além disso, atualmente sabemos que o osteossarcoma apendicular canino é capaz de induzir a remodelação patológica do osso e que a investigação dos índices de remodelação no metabolismo ósseo pode contribuir para a melhoria diagnóstica e terapêutica dos problemas malignos dos ossos em animais. Face ao descrito, elaborou-se um estudo que avaliou a excreção do tetrapéptido N-Terminal (NTx) como um indicador de reabsorção óssea detetado na urina. Concluiu-se que a elevada excreção urinária de Ntx poderia ajudar no diagnóstico de osteólise focal esquelética nos cães, e que a redução da excreção de Ntx na urina após o tratamento pode indicar a eliminação ou minimização da reabsorção patológica do osso3.  

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    Fatores de prognóstico do osteossarcoma canino

    Os fatores prognósticos, atualmente, incluem os níveis séricos de fosfatase alcalina, o grau histológico e o número de linfócitos e monócitos. Seguidamente, são descritos em detalhe:

    • A fosfatase alcalina sérica (SALP)
    • A localização do tumor

    Uma SALP elevada e a localização do tumor no úmero proximal são fatores relevantes de mau prognóstico para o osteossarcoma canino, tanto em relação ao tempo de sobrevivência como para o intervalo de tempo livre da doença.

    • Idade: a idade avançada relaciona-se com um menor tempo de sobrevivência e um menor período livre de doença. No entanto, essa informação não foi estatisticamente significativa porque a informação sobre este fator apenas se encontrava disponível num número limitado de trabalhos4.
    • Grau histológico: a classificação dos tumores de acordo com graus avalia a agressividade biológica dos mesmos, e possui um valor prognóstico em muitas neoplasias. Os cães com um tumor de alto grau e uma fosfatase alcalina elevada devem ser cuidadosamente avaliados, com respeito à presença de metástase, previamente ao início de qualquer protocolo de terapia coadjuvante.
    • Vitamina D: a insuficiência de 25-hidroxi vitamina D poderá não ser de importância na patogénese do osteossarcoma canino.5
    • Outros fatores de prognóstico: raça, peso, sexo, castrados ou não, fosfatase alcalina óssea, existência de infeção, percentagem da longitude do osso afetada, subtipo histológico ou grau histológico do tumor. No entanto, a maioria destes fatores dão origem a confusão quando os estudos são muito alargados.

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      Referências
    1.Frimberger AE, Chan CM, Moore AS. Osteossarcoma canino tratado em pós-amputação com quimioterapia sequencial e acelerada à base de doxorrubicina e carboplatina: 38 casos. J Am Anim Hosp Assoc. 2016 Mar 23 2.Phillips B, Powers BE, Dernell WS, Straw RC, Khanna C, Hogge GS et al. Uso da carboplatina como agente único de terapia adjuvante ou neoadjuvante, em conjunto com a amputação, para o osteossarcoma apendicular canino. J Am Anim Hosp Assoc 2009; 45(1):33-38. 3.H. Lacoste, T. M. Fan, L. P. de Lorimier, and S. C. Charney. Excreção do telopéptido N-Terminal na urina em cães com osteossarcoma apendicular. J.Vet.Intern.Med. 20 (2):335-341, 2006. 4.Boerman, G. T. Selvarajah, M. Nielen, and J. Kirpensteijn. Fatores de prognóstico no osteossarcoma apendicular canino, uma meta-análise. BMC.Vet.Res. 8 (1):56, 2012. 5.Willcox JL, Hammett-Stabler C, Hauck ML. As concentrações séricas de 25-hidroxi vitamina D em cães com osteossarcoma não são diferentes das de cães controlo com igual peso e idade. Vet J. 2016 Nov;217:132-133  
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