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    Piodermite canina: fatores de predisposição e tratamento preventivo

    As dermatoses bacterianas são infecções cutâneas que desempenham um papel muito importante na dermatologia veterinária, nomeadamente na espécie canina. Apresentam uma grande diversidade clínica e, em alguns casos, dificuldades no seu diagnóstico e posterior tratamento.

    Descarregue de forma gratuita → Relatório sobre a dermatite atópica canina.

    Por que razão a piodermite é mais frequente nos cães do que nos gatos ou outros animais?

    Ponto chave: distinguir entre piodermite superficial e piodermite profunda. As dermatoses bacterianas são infecções cutâneas que desempenham um papel muito importante na dermatologia veterinária, nomeadamente na espécie canina. Apresentam uma grande diversidade clínica e, em alguns casos, dificuldades no seu diagnóstico e posterior tratamento.

    • Na maioria dos casos são processos secundários devidos a outras doenças subjacentes ou simultâneas.
    • É importante procurar as causas primárias que manifestam estes processos bacterianos na pele, sendo um desses o caso da piodermite canina.
    • Os casos de piodermites primárias que aparecem na pele saudável são raros.
    • Em princípio, uma terapia antibiótica correta seria o remédio para a piodermite canina, que deveria resolver o problema sem recorrências.

    Por que razão a piodermite é mais frequente nos cães do que nos gatos ou outros animais?

    A piodermite canina é a principal causa de doença cutânea. As razões de maior incidência face a outros animais não são conhecidas com exatidão. Alguns fatores fisiológicos e anatómicos são sugeridos, tais como:

    • Flora bacteriana residente
    • Fina espessura do estrato córneo
    • Ausência de encaixe folicular
    • Fatores de tratamento e comportamento, como a higiene e o lamber
    • Grande número de casos de doenças pruriginosas que facilitam a fixação e penetração de bactérias
    • Elevada predominância de atopia canina com a presença de prurido, assim como de alterações na barreira cutânea, entre elas a deficiência de filagrina, alterações na síntese de lípidos, etc.

    Ponto chave: distinguir entre piodermite superficial e piodermite profunda

    As piodermites em cães são habitualmente classificadas segundo a profundidade:

    • De superfície e superficiais que afetam a camada córnea, intraepidermal e os anexos cutâneos. Por exemplo: intertrigo, impetigo, foliculite, etc
    • Profundas que afetam a derme, podendo alcançar o tecido subcutâneo. Por exemplo: foliculite/ furunculose localizada ou generalizada, abcessos, etc

    Descarregue de forma gratuita → Relatório sobre o papel da dieta na dermatite  atópica canina. Inclui: tratamento nutricional para diminuir a resposta inflamatória,  hipersensibilidade, prurido..

    No cão, a maioria das piodermites superficiais são causadas pelo Staphylococcus pseudointermedius (90% dos casos). Esta bactéria é considerada microbiota residente na pele do cão, em zonas como as narinas, a orofaringe e o esfíncter anal. 

    Com menor frequência, também podem estar incluídas outras bactérias Gram - como Proteus, Pseudomonas e Coliformes, especialmente em infeções profundas.

    Fatores e patologias de predisposição para sofrer de piodermite: hipotiroidismo, atopia canina e outros

    Como já referimos, existem fatores de predisposição para a piodermite canina, bem como patologias primárias que favorecem o aparecimento de processos cutâneos bacterianos, como os seguintes:

    • Quadros de hipersensibilidade: De forma geral a atopia, com a consequente aparição de prurido que causará irritação da pele, favorecendo a libertação de citocinas pró-inflamatórias e o surgimento de escoriações devidas ao auto-traumatismo.
    • Quadros seborreicos: Os animais com seborreia apresentam um aumento no número de bactérias a nível cutâneo, podendo também desenvolver um supercrescimento de fungos do género Malassezia. Simultaneamente, a camada lipídica superficial é alterada produzindo inflamação e prurido, e por vezes obstruções foliculares.
    • Endocrinopatias: Hipotiroidismo, hiperadrenocorticismo, desequilíbrios das hormonas sexuais, diabetes.
    • Neoplasias como o linfoma cutâneo.
    • Doenças parasitárias: como Demodicose e Leishmaniose.
    • Quadros iatrogénicos causados pelo uso da corticoterapia.
    • Outros.

    No caso da dermatite atópica em cães, além da própria sintomatologia com prurido que conduz ao autotraumatismo, a pele também possui certas deficiências na sua composição. Uma mutação na protéina da filagrina, essencial na constituição da barreira epidérmica, e alterações na síntese de lípidos complexos do estrato córneo produzem fragilidade na epiderme dos cães atópicos e, por conseguinte, provoca uma maior predisposição para sofrer de piodermite.

    Piodermite canina: tratamento Como podemos reforçar a barreira protetora da pele?

    Como vimos, é fundamental manter a saúde cutânea para que ela possa exercer com eficácia o seu papel de barreira protetora. As medidas de reforço da saúde da pele passam por um controlo das infecções, mas também por uma regeneração da pele desde o seu interior.

    Podemos ajudar a manter esse efeito, por exemplo com controlos antiparasitários adequados, banhos com champôs indicados para animais com predisposição, escovagem, etc.

    Fornecer uma alimentação adequada que ajude a manter o equilíbrio hídrico cutâneo, a camada lipídica e uma boa relação de ácidos gordos é fundamental para manter a pele em bom estado.

    A regeneração da pele e a redução do limite do prurido com a dieta revelou-se muito eficaz na prática clínica dermatológica, especialmente em pacientes com dermatite atópica, nos quais a quantidade e composição lipídica está afetada. Um reforço com ácidos gordos essenciais e aloé vera demonstrou ser eficaz no controlo da doença.

    AFF - TOFU - CR Derma Atopic - POST

    1. Ralf S. Mueller, Catedrático, Eric Guaguère. Aspetos clínicos e de diagnóstico da piodermite canina. PV ARGOS 13/2016. Disponível em: argos.portalveterinaria.com/imprimir-noticia.asp?noti=676
    2. LLUIS FERRER, PhD, DVM, CELINA TORRE, PhD, DVM; LLUIS VILASECA, DVM; NURIA SANCHEZ, DVM. Research reports.DERMATITE ATÓPICA CANINA (DAC)
    3. CESAR. L YOTTI ÁLVAREZ, Novidades no diagnóstico e tratamento da piodermite canina. Pequenos animais. Disponível em: http://www.colvema.org/pdf/1215pioderma.pdf
    4. Revisto pelo Dr. Pedro Javier Sancho Forrellad, veterinário de dermatologia acreditado pela AVEPA