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    Traumatologia veterinária: Como tratar as feridas aberta?

    Curar de forma correta uma ferida no cão pode ser a diferença entre uma cura rápida. Ou pelo contrário, que esta se infete e fique pior. Neste artigo, iremos debruçar-nos sobre uma série de conselhos para tratar feridas abertas.

    Para um traumatologista veterinário o manejo deste tipo de patologia é simples, porém pode complicar-se para os que não se dedicam à traumatologia veterinária, por isso a seguir damos alguns conselhos de como manejar uma situação clínica frequente como é a presença de uma ferida aberta.

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    Basicamente são 4 passos: avaliar a gravidade da ferida, limpeza por lavagem e desbridação, desinfeção da ferida e proteção.

    Traumatologia veterinária: Limpeza da ferida

    A lavagem é uma parte importante do cuidado inicial das feridas, já que cumpre com a função de arrastar detritos, materiais estranhos e sobretudo bactérias. Na prática clínica pode ser usada uma simples seringa de 60 ml com uma agulha de 18 g, com a qual se exerce uma pressão aproximada de 7-8 psi que é suficiente para a maioria da feridas.

    Os produtos mais usados são a clorexidina, a povidona iodada ou soros da terapia de fluídos (é preferível o soluto de Ringer). A água corrente de ser evitada já que é hipotónica e pode danificar os tecidos desvitalizados. Existem outras soluções de limpeza no mercado, como o Prontosan®, que ajuda a retirar as bactérias reduzindo a tensão superficial e ajudando o arrasto.

    Traumatologia veterinária: Quanto à desbridação, o tecido desvitalizado pode ser eliminado mediante:

    • Incisão cirúrgica: O tecido não viável é extraído por camadas, preservando no possível osso, tendões, nervos e vasos. Como alternativa, pode-se extrair a totalidade da ferida, caso o tecido saudável circundante seja suficiente.
    • Desbridamento enzimático: útil quando o paciente tem um alto risco anestésico ou como ajudante na desbridação cirúrgica. As enzimas mais utilizadas são a tripsina, a desoxirribonuclease e a fibrolisina.
    • Os curativos húmidos e secos colaboram na desbridação absorvendo os detritos necróticos e afastando-os da superfície da ferida à medida que a gaze se vai secando.

    Desinfestação da ferida

    As feridas contaminadas contêm microrganismos. Nas feridas infetadas, os microrganismos colonizam a ferida e reproduzem-se nela. A antibioterapia sistémica nas feridas abertas deveria de ser limitada aos casos de contaminação ou infeção moderada ou severa, nas feridas com mais de 6-8 horas, ou se existe o risco de septicemia ou em infeções disseminadas, e deveria basear-se em cultivos bacteriológicos. Em todas as outras situações, a medicação tópica pode ser suficiente fazendo um bom manejo da ferida. Os tipos de medicação tópica mais usados são a pomada antibiótica tripla (bacitracina, polimixina, neomicina), o sulfato de gentamicina ou a nitrofurazona.  

    Como fechar as feridas

    Uma das decisões mais críticas quando estamos perante uma ferida aberta de membros distais é a conveniência ou não de fecha-la ou deixa-la aberta. Um dos fatores mais importantes a considerar em caso de membros distais é a pouca flacidez da pele, a qual dificulta muitas vezes o fecho primário em casos de lacerações severas, tendo que se realizar excertos cutâneos de localizações mais afastadas.

    Existem 4 maneiras de fechar as feridas:

    • Fecho primário: de forma imediata.
    • Fecho primário retardado: entre 1 a 3 dias depois da lesão, quando o tecido de granulação ainda não tenha aparecido e não existe infeção.
    • Fecho secundário: depois da aparição do tecido de granulação. O tecido de granulação ajuda a controlar a infeção e preencher as feridas abertas. Um tipo especial de fecho secundário quando não existe tecido redundante para preencher as feridas são utilizados excertos cutâneos.
    • Fecho por segunda intenção: a cura dos tecidos de granulação, contração e epitelização é feita por meio de curativos. Em muitos casos é a melhor solução para evitar deiscências inesperadas e infeções.

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