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    Tumor inflamatório mamário em cães: fatores de prognóstico

    O tumor (carcinoma) inflamatório em cães, apesar de ser uma variante do cancro mamário, deve ser considerado como sendo um problema isolado, separado das restantes neoplasias malignas mamárias1.

    O carcinoma inflamatório canino apresenta uma elevada taxa de metástases precoces, quer a nível regional como à distância. Devido a esse facto, considera-se o carcinoma inflamatório uma doença sistémica desde o seu diagnóstico, inclusive se não se identificarem metástases no início.

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    Em medicina humana, o tratamento baseia-se em ações neoadjuvantes através de quimioterapia sistémica, seguida de mastectomia, radioterapia e um tratamento hormonal final.

    Em medicina veterinária, até há poucos anos atrás, nos cães aos quais não se realizava eutanásia era administrado um regime de cuidados paliativos, através de antibióticos, AINE-inibidores da COX e glicocorticoides. Dado que a cirurgia muitas das vezes não é exequível, devido à disseminação da doença, a sobrevivência é muito baixa, não excedendo os 30 dias.

    Assim, realizou-se um estudo que agrupou 43 cães, 60% dos quais apresentava carcinoma inflamatório primário, 40% tinham carcinoma inflamatório secundário (cães que manifestavam previamente nódulos mamários, desenvolvendo posteriormente um carcinoma infiltrante), sendo que a maioria (81%) apresentava metástase à distância, e uma minoria (5%) metástase ao nível local e regional.

    A estes cães, foi realizado um estudo onde se analisaram as seguintes variáveis relacionadas com o prognóstico: o tipo de tratamento (médico através de quimioterapia ou não-quimioterapia [paliativo] e cirúrgico em casos sem evidência de metástase nem alterações analíticas), idade, sexo, peso corporal, classificação do carcinoma inflamatório (primário ou não), historial de excisão cirúrgica prévia, local anatómico do tumor, metástases locais e/ou regionais e à distância, tempo de diagnóstico e coagulopatia.

    Os resultados na análise univariante indicaram que a idade (a idade média era de 10 anos e meio), a presença de coagulopatia nas provas analíticas, o tratamento médico de uma forma ou outra, e o tempo decorrido desde o início dos sintomas até ao diagnóstico da doença, eram associados com o tempo de sobrevivência. No entanto, na análise multivariante os únicos fatores que se associaram substancialmente com o tempo de sobrevivência foram a coagulopatia e o uso de tratamento médico. Os cães com presença de coagulopatia apresentavam um tempo de sobrevivência substancialmente menor, e os cães que tinham recebido tratamento médico manifestavam uma maior sobrevivência.

    Desta forma, os resultados demonstram que o carcinoma inflamatório é uma doença agressiva e com alta taxa de metástases. Apesar de que, geralmente, e dada a agressividade da patologia, não se planeia um tratamento na maioria dos cães, o estudo evidencia que o tratamento médico é benéfico, mesmo que o papel da quimioterapia no mesmo ainda não seja claro. Adicionalmente, demonstrou-se que a determinação da coagulação nos cães afetados é um ponto crítico perante a evolução do prognóstico da doença.

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    1. RAPOSO T, ARIAS-PULIDO H, CHAHER N, FIERING S, ARGYLE D, PRADA J ET AL. COMPARATIVE ASPECTS OF CANINE AND HUMAN INFLAMMATORY BREAST CANCER. SEMINARS IN ONCOLOGY. 2017; 44(4): 288-300.