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    Cara inchada no cachorro: bradicinina como causa principal

    O angioedema em cães caracteriza-se pela cara inchada e edematosa no cachorro, e compromete a derme profunda e tecidos subcutâneos do animal, em especial a sua cara.

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    Introduçao

    O angioedema é uma reação na pele e nas mucosas, incluindo as dos sistemas respiratório e gastrointestinal. Dá-se um aumento da permeabilidade vascular e o extravasamento do líquido intravascular. Os tecidos modificam a sua aparência, chegando até a sofrer deformações importantes.

    Mediadores do aumento da permeabilidade vascular:

    • Mediadores derivados de mastócitos: prejudicam as camadas superficiais do tecido subcutâneo, incluindo a união dérmico-epidérmica. O animal manifesta urticária e prurido.
    • Bradicinina: Geralmente a derme não se vê afetada, pelo que normalmente o prurido e a urticária estão ausentes.

    Bradicinina como causa principal de angioedema em cães

    A bradicinina é uma proteína plasmática (nona-péptido) presente em todos os processos inflamatórios, que favorece a vasodilatação e o incremento da ação permeável dos vasos capilares. Este aumento de líquidos dos vasos vasculares para os tecidos e mucosas produz edemas que podem chegar a desfigurar o cão e, até, provocar-lhe a morte por asfixia.

    Tipos de angioedema que pode causar:

    • Angioedema hereditário: existe um défice e um problema no funcionamento do inibidor da esterase C1. Este tipo de angioedema é não alérgico e constitui uma doença genética causada por uma deficiência do gene responsável por controlar a proteína sanguínea, denominada inibidor C1. Quando isto sucede, aumenta a concentração de algumas moléculas (como a bradicinina), o que incrementa a permeabilidade dos vasos sanguíneos.
    • Angioedema adquirido: provocado por um estímulo exterior. Não existem antecedentes familiares. Há 2 tipos:

    Tipo I. Devido ao consumo excessivo de C1-INH e associado a síndromes linfo-proliferativos e doenças autoimunes.



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    Tipo II. Existe a presença de auto-anticorpos ao C1-INH, que neutralizam a sua atividade sem afetar os níveis. Geralmente associa-se a disglobulinemias de origem desconhecida.

    • Angioedema por hemodiálise: podem originar-se ataques hipovolémicos, causando a morte do cão.
    • Angioedema por IECA: devido ao consumo excessivo de medicamentos inibidores da enzima que converte a angiotensina. Estes fármacos são utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca crónica e da hipertensão arterial, para diminuir a resistência vascular sistémica e as pressões arteriais. O angioedema é um efeito adverso raro, e o seu surgimento é imprevisível.

    Pode saber mais sobre as reações cutâneas adversas de medicamentos na apresentação da Dra. Tatiana Lima, Clinical Lectures 2018.

    Todos estes tipos de angioedemas possuem em comum um défice na degradação de bradicinina, e uma síntese excessiva da mesma. Tratam-se de edemas subcutâneos, limitados, sem prurido e com recorrências mais ou menos frequentes que desaparecem sem sequelas.

    Também coincidem no facto de não responderem aos anti-histamínicos, nem na sua fase aguda nem como tratamento preventivo. Os corticoides e a adrenalina também não são úteis, pelo facto de não se obter resposta após a sua administração.

    Como complemento dietético, uma alimentação baixa em sódio pode ajudar a prevenir o extravasamento de líquidos, como é o caso da Advance Veterinary Diets Renal.

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